Todo dia 12 de outubro, as vitrines das lojas se enchem de brinquedos e o país se mobiliza para celebrar o Dia das Crianças. É um momento bonito, de afeto e alegria, mas que também nos convida à reflexão: o que realmente significa cuidar do futuro de uma criança? O que está ao alcance da sociedade e, sobretudo, do poder público para garantir que cada pequeno tenha a oportunidade de crescer com dignidade, saúde, afeto e oportunidades?
A resposta está em um consenso que atravessa fronteiras políticas e ideológicas: investir na primeira infância é a forma mais poderosa de transformar o futuro de um país. É no período entre o nascimento e os seis anos de idade que se formam as bases cognitivas, emocionais e sociais que vão moldar toda a trajetória de uma pessoa. Nesse período, o cérebro humano tem um desenvolvimento acelerado e extremamente sensível aos estímulos do ambiente. A ciência já comprovou que crianças que recebem cuidado, nutrição adequada, estímulos intelectuais e convivem em ambientes afetivos têm maiores chances de sucesso escolar, inserção produtiva e participação ativa na sociedade.
Por outro lado, quando esses estímulos não chegam a tempo, as consequências podem durar toda a vida. Dificuldades de aprendizagem, maior vulnerabilidade social e ciclos de pobreza que se perpetuam por gerações são algumas delas. Por isso, priorizar a primeira infância não pode ser visto como “gasto”, mas sim um investimento no presente que irá refletir no futuro da sociedade.
Foi com essa visão que o governo do Rio Grande do Sul decidiu colocar a primeira infância no centro de sua estratégia de desenvolvimento social. Criamos, dentro da Secretaria de Desenvolvimento Social, o Departamento de Atenção à Primeira Infância, responsável por articular e implementar políticas públicas voltadas a essa faixa etária de forma integrada.
Um exemplo concreto dessa prioridade é o programa Mãe Gaúcha, lançado em fevereiro de 2024 e que já se tornou referência nacional. Voltado a gestantes em situação de vulnerabilidade social, inscritas no CadÚnico e com o pré-natal em dia, o programa entrega kits maternidade com itens essenciais para os primeiros dias de vida do bebê, como cobertor, toalha com capuz, casaquinho, macacões, bodies, culotes, meias e bolsa maternidade.
Mais do que um gesto de acolhimento, o Mãe Gaúcha é uma política que une cuidado, dignidade e inclusão. Em pouco mais de um ano, já foram entregues 37,7 mil kits em 417 municípios, em um investimento de R$ 12,7 milhões. O impacto positivo é tão evidente que estados como Sergipe, Santa Catarina, Mato Grosso, Minas Gerais e São Paulo já procuraram o Rio Grande do Sul para conhecer e replicar a iniciativa.
Investir na primeira infância é plantar as sementes de uma sociedade mais justa, igualitária e próspera no futuro. Por isso, neste Dia das Crianças, o melhor presente que podemos oferecer às próximas gerações não está nas prateleiras das lojas, mas nas políticas públicas que garantem que nenhuma criança fique para trás. Cuidar dos primeiros anos de vida é cuidar do futuro do Rio Grande do Sul. E é com isso que estamos comprometidos.
Artigo publicado no Jornal Diário de Santa Maria de 14/10/2025.





