Por muito tempo, a assistência social foi vista apenas como um espaço de acolhimento emergencial. Uma resposta à vulnerabilidade e à exclusão. De fato, deve continuar sendo isso: um amparo para quem mais precisa, um lugar de proteção e garantia de direitos. Contudo, é preciso ir além. O futuro da proteção social no Brasil passa por uma mudança de chave: menos assistencialismo e mais desenvolvimento.
No Rio Grande do Sul, esse novo olhar nos levou a uma transformação simbólica e prática. A Secretaria de Assistência Social passou a se chamar Secretaria de Desenvolvimento Social. O nome não mudou por acaso: reflete uma visão estratégica de que é possível, sim, oferecer cuidado e acolhimento sem abrir mão da perspectiva de autonomia. Isso significa trabalhar pela inclusão produtiva – capacitando, formando e abrindo caminhos para que as pessoas possam gerar sua renda, sair da vulnerabilidade e alcançar dignidade por meio do próprio trabalho e da vida.
Essa transformação é urgente. O nosso Estado vive um desafio demográfico: temos hoje a maior concentração proporcional de pessoas idosas do que qualquer outro estado do país. Hoje, duas em cada dez pessoas no RS têm mais de 60 anos. Em menos de uma década, esse número será de três para cada 10. Isso nos impulsiona a pensar políticas públicas com responsabilidade e visão de futuro. Menos pessoas em idade economicamente ativa significa um desafio real para a produção, para a previdência, para o desenvolvimento econômico.
É possível oferecer cuidado e acolhimento sem abrir mão da perspectiva de autonomia.
Por isso, a política de desenvolvimento social deve ser compreendida como um instrumento de sustentabilidade territorial, protegendo os mais vulneráveis ao mesmo tempo em que fortalece a capacidade das comunidades para gerar riqueza, renda e estar. Cuidar da dignidade das pessoas é também cuidar da capacidade do Estado de seguir avançando, crescendo e gerando oportunidades.
Há um futuro de proteção e desenvolvimento social que se constrói com menos assistencialismo e mais oportunidade. Um futuro em que a política social deixa de ser apenas resposta à exclusão para ser caminho de transformação e autonomia. Porque o que está em jogo é transformar a vida das pessoas e a oportunidade.
Artigo publicado no jornal Zero Hora





