Cuidar de quem já cuidou de nós 

No próximo dia 15 de junho é o Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa. Mais do que uma data simbólica, é um chamado à ação permanente. Precisamos refletir sobre os desafios enfrentados por quem envelhece no Estado — e também por quem é responsável pelo cuidado com essas pessoas. Estar atentos à responsabilidade coletiva é garantir respeito e dignidade. 

O Rio Grande do Sul envelhece rapidamente. De acordo com o Censo 2022 do IBGE, somos o estado com a maior proporção de idosos no país. De cada dez gaúchos, dois têm mais de 60 anos. Em 2033, serão três a cada dez. Essa realidade exige políticas públicas robustas e sensíveis às necessidades dessa população, sobretudo no campo da assistência social. É com esse olhar que temos trabalhado para ampliar e qualificar a rede de proteção à pessoa idosa. 

Pela primeira vez na história, o governo do Rio Grande do Sul passou a investir diretamente na criação dos Centros Dia para Pessoa Idosa. São espaços de acolhimento durante o dia, com atendimento integral: alimentação, atividades, administração de medicamentos e atenção contínua.

O objetivo é garantir que a pessoa idosa tenha seus direitos preservados e possa permanecer em casa com sua família à noite — enquanto durante o dia, recebe cuidado adequado e qualificado. Isso é o Estado assumindo uma responsabilidade que também é sua. É cuidar da pessoa idosa para que a família também possa exercer suas atividades sem que alguém precise abrir mão da própria vida para prestar esse cuidado. 

A solidão é uma das principais causas de adoecimento na velhice. Por isso, outra frente de investimento está na ampliação dos Centros de Convivência para Pessoas Idosas. Esses espaços não substituem o cuidado formal, mas promovem algo igualmente importante: a convivência, a sociabilidade e a manutenção dos vínculos afetivos. Proporcionar um local onde as pessoas possam conviver com amigos, participar de atividades, ir e vir com liberdade, contribui para um envelhecimento mais saudável. 

Além disso, o governo estadual tem incentivado a estruturação da política da pessoa idosa nos municípios, com estímulo à criação dos Conselhos Municipais da Pessoa Idosa, dos Fundos Municipais e publicação de editais que permitem que ILPIs (Instituições de Longa Permanência) e universidades acessem recursos para projetos, pesquisas e melhorias na gestão do cuidado. 

Após as enchentes que devastaram diversas regiões do Estado, criamos o programa Cuidar Tchê 60+, voltado exclusivamente para pessoas com 60 anos ou mais que foram atingidas pelas cheias. O programa distribui kits personalizados com móveis, eletrodomésticos, itens de mobilidade e de uso pessoal, permitindo que os idosos reconstruam seus lares com dignidade. A prioridade é atender quem mais precisa, com respostas rápidas e sensíveis.

Cuidar da pessoa idosa é uma obrigação do poder público. E no Rio Grande do Sul, temos feito isso de forma concreta, com investimento, estrutura e articulação.

Contudo, essa atenção deve envolver toda a sociedade: requer respeito no cotidiano, escuta atenta, garantia de acessibilidade e denúncia de qualquer forma de violência — inclusive o abandono e o isolamento, que são silenciosos, mas nocivos. 

Todas essas ações fazem parte de um novo momento da política pública estadual, implementado na gestão do governador Eduardo Leite. O que estamos construindo é uma rede permanente e coordenada de proteção à pessoa idosa. Nosso desafio agora é consolidar os avanços e garantir que essa pauta esteja presente na elaboração dos orçamentos. 

Envelhecer com dignidade deve ser um direito de todos, e não um privilégio de poucos. As pessoas idosas guardam a história da nossa terra. Cuidar delas é honrar essa história e garantir que o futuro seja construído com base na empatia, na justiça e na gratidão.

Beto Fantinel, secretário de Desenvolvimento Social do Rio Grande do Sul

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